sexta-feira, 25 de junho de 2010

Encontro Marcado - II

No post anterior:

Almoço no aeroporto e dali ela foi embora, de táxi! Sabe, disse ela, demoramos um tempão no almoço, acabei indo embora e não marcamos nada mais tarde porque eu moro longe e ele estava hospedado em Copacabana é perigoso né gente, além do mais, já tínhamos marcado para o dia seguinte.

Meu sininho estava tocando várias vezes. Ela é burra, ingênua os dois ou se faz?
Mesmo tendo sido só isso (eu acho pouco) ela voltou toda felizinha, passou o resto da tarde e a noite contando e recontando a mesma ladainha para as amigas!


No dia seguinte, tratou de levantar cedo, deu graças a Deus pelo dia lindo que estava fazendo, se arrumou rápido e partiu pra encontrar com Gerson. Ficou combinado, no dia anterior, que fariam pelo menos um passeio turístico. E lá foi ela, com a cara e a coragem. E haja coragem de enfrentar essa pequena distância entre ZO e ZS, mas foi. Segundo ela, queria aproveitar muito esse dia, pois seria o último dele aqui e ela nem sabia se seria convidada para conhecer Florianópolis, enfim, tinha que aproveitar.


E aproveitaram, fizeram vários passeios, caminharam na praia, passearam até cansar, até que ele falou que precisava fazer o check-out no hotel, tomar banho e se preparar logo, pois o retorno seria as 18h e ele não queria fazer tudo em cima da hora. Foi então que ele a convidou para ir com ele ao hotel. Ela muito inocente (com muitas juras enquanto contava o causo) aceitou o convite. Ficou babando no hotel, disse que era extremamente chique, pena que não disse o nome, pois eu iria tratar de colocar fotos aqui. O fato é, enquanto ela ia toda boba pagando de namoradinha, de mãos dadas passeando no hotel, ele tinha certeza de que acertou em cheio no convite!


Entram no quarto (que ela só fazia olhar para todos os lados) e ele deu uma ciscada nas coisas meio que arrumando e tal, até que…taran ele deixou tudo pra lá e resolveu que seria melhor fazer algo mais interessante né gente! Foi catando a Elisa já rumo a cama e ai, SÓ ENTÃO a ficha da bendita caiu! Mas aí querida ela mandou na lata: AE GERSON, NÃO VAI ACONTECER NADA NÃO. Mas por que Elisa? Estamos aqui, eu, você… Gerson, eu sou virgem (juro que nessa hora eu não ouvi, só matei a dúvida depois de um tempo quando ouvi o resto da história, mas tive que olhar pra cara dela, disfarçadamente é claro). Pena que vocês não podem ver como isso está escrito no meu caderno, está mais ou menos assim:


---->>>> ELA É VIRGEM. DEVE TER + DE 30 ANOS.NÃO, MAIS DE 35 COM CERTEZA…CARACA. O CARA DEVE TER FICADO CHOCADO E EU TO PASSANDO MAL DE TANTO RIR, POR DENTRO <<<-----

Rolou um choque e ele só disse: acho que encontrei uma agulha no palheiro. Sendo assim, vou tomar banho, você se incomoda de esperar? Ela disse que não e ficou lá esperando o bonito se arrumar, ainda ajudou a escolher a roupa (coisa tosca) e depois foram para o aeroporto almoçar (cara estranho só quer comer no aeroporto- eu pensando).

--------->>> QUE DROGA, TÁ UMA BARULHEIRA NESSE MC. É MÃE GRITANDO, CRIANÇA CHORANDO, GENTE FALANDO..GENTE CALA A BOCA, EU PRECISO OUVIR O RESTO DA HISTÓRIA <<<----------

Apesar do ruído, ela estava contando sobre o almoço e claro sobre a curiosidade dele sobre a escolha de castidade que ela fez. Bem, ela explicou que não foi escolha de castidade, mas que nunca teve uma namorado de verdade e que por isso não se sentia na obrigada de fazer nada! E que ela não queria nada casual, não queria arrependimento e bla, bla, bla. Ainda contou que nenhum dos dois ficaram constrangidos por conta disso. Então tá né. E que ele a chamou de inocente por ter ido até o quarto sem levar para este lado.

Almoçaram, deu a hora dele. Ele foi embora e ela ficou na pista, literalmente. Porque ter que voltar pra Campo Grande é dose! Sozinha então, aff. Algumas maluquices nem Freud explica. N

o final das contas, como já era de se esperar, ela ficou decepcionada por causa das intenções dele e até chorou (isso porque não aconteceu nada, vocês imaginem só em).

---------------->>>POR QUE ELA TEM QUE FALAR TÃO BAIXO AGORA? O PIOR DA HISTÓRIA JÁ PASSOU<<<-----------------------

Ela estava empolgada com a história e gostando dele (normal né? Um mês de papo no MSN é como 1 ano de convívio pessoalmente, absurdo isso) queria que tudo desse certo (basta saber o que era dar certo pra ela, certamente seria: mudar de Cidade, morar em Floripa com Gerson!), mas o fato do julgamento errado que ele fez dela a decepcionou. Para piorar tudo ela queria namorar, ele não! Só pra variar! Se bem que ela não disse se falou sobre isso com ele, também, primeiro encontro meio as escuras, seria papo brabeira…mas também ele já foi para o fight isso também é brabeira.

------------>>> SE ELA IMAGINA QUE ESTOU OUVINDO E ESCREVENDO TUDO…RAGA MEU CADERINHO…OPS, FECHANDO JÁ! <<<-----------------

Continua (…)

Encontro Marcado - I

Hoje eu tinha uma missão: fazer cotação de preços de instrumentos musicais, acessórios, comprar alguns matérias, enfim, precisava bater uma boa perna no Centro Comercial. Fui até empolgada, afinal já era hora de comprar essas coisas. Até que não foi demorado, em menos de uma hora cumpri meus objetivos e, tomada por uma louca vontade, entrei no Mc besteira. Tudo bem, depois de detonar uma caixa de bis (-6) e uma barra de laka, não era o melhor a fazer, mas isso tudo é culpa da TPM.

Como sempre, peguei o caixa mais lerdo da loja do Mc, a atendente era uma songa, meu sanduiche demorou minutos para sair, que saco! Tudo bem, logo, logo, estaria me entupindo de sódio e gordura saturada e ficaria calma.

Peguei meu lanchinho saudável, e subi, o salão aqui de Campo Grande é novinho e muito bonito, aconchegante, tem sempre um som legal. Escolhi tanto para sentar e acabei sentando de frente para um casal que estava me dando alergia! Tudo bem, me concentrei na bomba calórica e meti bronca. Aproveitei para conferir a folha da bandeja, analisar minhas compras, mexer no celular de maneira avulsa, ler umas mensagens velhas, conferir de novo os créditos gastos, restantes, bônus e tudo que for possível, sabe, essas coisas que se faz quando não tem com quem conversar?

Estava lá distraída, e três jovens senhoras sentaram na mesa ao lado, tudo normal. Continuei com as anotações que estava fazendo, calculando os gastos do dia, até uma delas (nomeada de Elisa) começou a contar um caso amoroso aos cochichos! Foi instantâneo, comecei a prestar atenção, virei a página e tomei nota do caso.Encontro

Elisa começou a contar, super empolgada, do gatão que conheceu na internet. Estava levando uma vida muito pacata, só no trajeto casa x trabalho. Final de semana nada pra fazer, só em casa curtindo (como se isso fosse possível) o momento dona de casa. Sua vida era bastante diferente das mulheres da sua idade, principalmente considerando que ela morava sozinha! Estava numa rotina tão down que seu último aniversário, de 36 anos, se recusou a comemorar. Só não pode negar o convite de almoço dos seus pais. Não preciso nem dizer o que contou sobre o coração né?! Nada para esquentar o coração, nenhuma aventura amorosa, nenhum caso, casinho ou casão, nada! Então resolveu fazer um cadastro no “”par perfeito”.

Nos primeiros dias de cadastro e caça ao tesouro, começou a conversar com um carinha de Floripa, Gerson. Ficou bem empolgada já que ele, além de regular idade com ela, tinha 38 anos, era solteiro e tinha um emprego legal (quanto ao emprego ela fez questão de constatar o fato por telefone, não sei como, mas fez). A partir daí, vocês já sabem né? São longas horas de papos pela praga do msn, telefone, e-mail, torpedos e os dias correm. Estava bastante empolgada, como um cara poderia se importar tanto assim, eles nem se conheciam direito. Surtou de alegria ao saber que ele viria para o Rio a trabalho e o melhor: sugeriu um encontro!

Pronto. O circo estava armado. Ainda faltavam duas semanas para o príncipe chegar a Cidade e Elisa já estava retocando a raiz dos cabelos, marcando depilação, pés e mãos para um dia antes da chegada. Contou para todas as amigas do tal encontro, e claro sempre com um certo exagero no motivo da viagem de Gerson ao Rio. Ainda tinha omissões, claro, para uns amigos conta tudo por que vai achar graça, para outros conta só o que interessa, ou então terá puxão de orelhas. Inclusive, as duas à mesa não sabiam a histórias concreta e ela fez questão de enfatizar: – Agora eu vou contar tudo, nos detalhes. Que vontade de rir neste momento, mas me segurei.

Elisa teve uma ótima idéia, ou pelo menos é o que toda mulher faz quando vai conhecer um estranho, avisa para meia dúzia de amigas e marca uma hora para ligar contando se está tudo bem, e deixa umas três de sobreaviso “caso eu não ligue, você me liga”. Ela fez o mesmo e foi além, pediu a MÃE de uma amiga para levá-la ao encontro.

No dia e hora marcados (um sábado – olha o sininho batendo na minha cabeça: viagem a trabalho x sábado?) ela foi para o aeroporto esperar o príncipe, que não veio a cavalo, mas de avião mesmo. A amiga e a mãe, deixaram-na no ponto de encontro, mais trocentas recomendações e foram embora. Elisa ficou lá, piriquitante a espera do bonito!

Bem, o vôo estava marcado para chegar as 10h da manhã e já passava das 11h30 e nada de Gerson! Até que ela resolveu ligar e ele atendeu calmo, sereno e tranquilo dizendo que chegou mais cedo que o previsto (??!!!) e já estava no hotel, pediu que ela esperasse um pouco, pois ele foi só deixar as coisas no hotel e já voltaria para encontrá-la. E assim foi, cerca de 40minutos depois ele chegou! Ficou aquele clima meio estranho nos cinco primeiros minutos, mas como ela disse, ele era tão simpático e comunicativo que isso logo passou. Foram almoçar no aeroporto mesmo (???!!!). Cerca de meia hora depois de estabelecida e com a confiança conquistada e adquirida, foi ao banheiro rapidinho e disparou torpedo para todos avisando que não estava numa banheira com gelos e não tinha ninguém querendo tirar seus rins, ou seja, mulherada estou bem! E foi só isso! Almoço no aeroporto e dali ela foi embora, de táxi! Sabe, disse ela, demoramos um tempão no almoço, acabei indo embora e não marcamos nada mais tarde porque eu moro longe e ele estava hospedado em Copacabana é perigoso né gente, além do mais, já tínhamos marcado para o dia seguinte.

Continua (…)

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Maracujá de Gaveta

maracuja1

Engraçado como surgem as metáforas!

Ontem passei um dia de “Amélia”, ou seja, fiz faxina, cozinhei, lavei louça, lavei roupa, enfim, totalmente dona de casa. A noite decidi fazer um rango mais saudável, o que não é muito comum aqui em casa. Então preparei uma carne com legumes (conhecida como jardineira), arroz com brócolis e feijão. Aqui em casa, normalmente, para beber tem Coca-Cola, mas ontem resolvi completar o cardápio com algo mais natural, ou seja, suco. Bem, tinha uma garrafinha de caju meio esquecida na porta da geladeira. Resolvi dar uma olhada no restante para ver se achava algo mais. E achei! Dois maracujás.

Eram os típicos maracujás de gaveta. Murchos, meio pretos e molengas. Achei que não já estavam ruins, porém resolvi abrí-los para ver, e acreditem estavam ótimos por dentro. Madurinhos e com bastante polpa. Aquela pele branca que fica entre a polpa e a casca estava bem branquinha e intacta! Rendeu um delicioso suco.

Pelo incrível que pareça, este fato me chamou atenção. Aquelas frutas estavam há tanto tempo na gaveta da geladeira, esquecidas, sofrendo com os agentes externos que as tornou feia, enrugadas e escuras, mas o principal, a polpa, estava intacta, havia uma proteção que não permitia que nenhum agente externo, por mais forte que fosse, as atingisse.

Isso me fez pensar em muitas coisas, como:

  • As aparências enganam. Quantas vezes julgamos uma pessoa por sua aparência, achando que não há nada de bom a ser oferecido por ser velha (ou mais velha que nós), por não ter tantas experiências de vida (ou que tenha vivido algo relevante), por não ser importante em sua posição social/econômica quem sabe até intelectual, e não damos a oportunidade desta pessoa se mostrar! É como dizem, ninguém é tão rico que não possa receber, nem tão pobre para que não possa doar, nem tão inteligente que não possa aprender, ou burro para que não possa ensinar…
  • Agentes externos não podem me influenciar I. Ora, assim como o maracujá, sofremos ataques externos constantemente. É a propaganda que quer nos convencer a todo custo que precisamos ser mais magras, lindas, altas, loiras, felizes, independentes, dependentes, mães, mulher fatal, solteira, são tantas opressões que nos confundem e se contradizem! Mas estão aí, o tempo todo nos alfinetando, criando imperfeições que não temos, mas elas nos convencem que temos. Criando desejos que não necessitamos, mas nos convencem que seremos felizes se tivermos o produto X.
  • Agentes externos não podem me influenciar II. Todos temos cascas. Creio que a minha é a consciência, a índole, o meu caráter e isso protege minha polpa, ou seja, meu coração! Mesmo que tudo por fora estrague, ele deve se manter intacto. Ainda que as maldades e milhares de setas externas tentem me alcançar, com tudo ele deve estar são. Como diz na bíblia “ Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração, porque dele procedem as fontes da vida”, sendo assim é necessário protegê-lo.
  • Aproveite as oportunidades. Ainda que você tenha estado esquecido numa gaveta, seja ela qual for, não perca a oportunidade de oferecer o seu melhor fruto, não perca a oportunidade de ser o seu melhor. Não importa para quem, o motivo e muito menos a recompensa. Seja sempre o seu melhor. Há tempo para tudo, até mesmo para receber recompensas. Eu acho muito melhor as recompensas surpresas, aquela que não esperamos! As que vêm da expectativa normalmente nos frustram, afinal nossas esperanças sempre estão aquém do que recebemos.

Vejam só, até as Amélias tem algo para nos ensinar. Imagine quantas metáforas elas já sacaram varrendo uma casa, lavando louça, catando maracujá na gaveta…

Bruna Turques

domingo, 20 de junho de 2010

Tudo Acontece Numa Viagem de Ônibus III

Trilha Sonora do Texto – Eduardo e Mônica

Esta é apenas uma simples história de amor, sem final feliz...

Bem, ela era apenas uma estudante, em seu primeiro ano de segundo grau: novo colégio, novas amizades, novas experiências. O destino fez com que ela encontrasse seu príncipe lindamente encantado, de uma maneira um tanto inusitada: durante a aula que mais odiava – que era educação física.

Foi amor à primeira vista; no meio de tantos rapazes, ele, o príncipe lindamente encantado despertou na ingênua estudante um sorriso sincero, adormecido, que era capaz de iluminar seus dias, além de ter iluminado seu coração.

Leiga em vivências do coração, ela tentou se aproximar dele, durante meses, até que num dia muito especial, a doce apaixonada, inesperadamente, ouviu do seu amado, diante de uma certa situação, a seguinte frase: “Claro que eu sei seu nome. Você se chama Mônica. Isso foi um motivo para derreter ainda mais o coração da doce apaixonada. Finalmente, a conversa começou a fluir, e o príncipe encantado perguntou se a doce princesa teria aula, na parte da tarde.

Como ela era totalmente alienada e inocente, respondeu com um “tenho aula de contabilidade”... uma oportunidade foi perdida...

Durante vários meses, ambos descobriram diversas afinidades, que só o destino poderia ter sido capaz de desenhar. Com isso, a paixão, o sentimento de amor, aumentou cada vez mais...

Porém, entretanto, todavia, o príncipe encantado não manifestou nenhum convite oficial, além de vários sorrisos, piscadelas... A situação estava complicada, pois o príncipe estava no terceiro ano, e em dezembro, teria de se formar (apesar de sua amada desejar fortemente que ficasse reprovado).

Pois bem, a mulher moderna está presente em qualquer círculo social, e estava presente no círculo de amizades da nossa princesa.

Num dia qualquer de fim de ano, próximo do mês dezembro, a princesa estava no ponto de ônibus com sua amiga conselheira-feminista-moderna,e o príncipe Eduardo estava também neste mesmo ponto. Força do destino, tal coincidência? Melhor não comentar...

A amiga da princesa, praticamente a jogou pra cima do rapaz, e a obrigou a confessar a paixão secreta (que todas as pessoas sabiam, incluindo a professora de educação física de ambos).

A princesa criou coragem, e resolver arriscar...Lindamente, a menina sentou-se ao lado do moço, dentro de um ônibus superlotado, e ainda por cima quentão. Sem saber como adentrar no assunto, a doida resolveu pegar seu fichário das meninas superpoderosas, e mostrar a matéria de estatística pro Eduardo (já que estavam conversando sobre isso). Estrategicamente, a musa do S-27, resolveu pular para uma folha, onde constava o desenho de um coração com nome completo de ambos. É...Era impossível de não ter certeza de que era ele mesmo, o dono daquele coração.

Alguns minutos de silencia tomaram conta da dupla, até que ele soltou um resmungo. A musa, como é surda, disse: “Não entendi o que você disse”; o coitado repetiu “Tenho namorada”!

Outros momentos super constrangedores se passaram, mas não é melhor relembrá-los, pois dói, dói demais...rsrs

Como a princesa lindamente encantada já tinha se queimado no fogo, resolveu colocar os pingos nos “is”. Disse ao Eduardo que era completamente apaixonada por ele, desde o primeiro momento que o viu...Outros longos minutos constrangedores...Graças à Deus, o ponto dela chegou, o que a permitiu sair daquele situação...

Assim, termina a breve paixão platônica do S-27...A princesa nunca mais foi a mesma, e algumas situações ocorreram após este trágico fim, porém, não vale a pena comentar, pois será comprovado, que nossa princesa virou feminista-psicótica!

* Autora– Andréa Farias

sábado, 19 de junho de 2010

TUDO ACONTECE NUMA VIAGEM DE ÔNIBUS II

Para ouvir enquanto lê – Acaso – Pedro Mariano

Naquele dia havia trabalhado muito! Estava realmente cansada. Cheguei a fila do meu querido ônibus, no Centro da Cidade, doida para entrar, sentar e dormir!

Fiquei completamente em off até a fila começar a andar, não sei ao certo quanto tempo perdi naquela fila! O meu estado de espírito naquela noite não me permitiu prestar atenção nisso! Pois bem! A bendita da fila andou e eu tomei meu rumo à carroça com ar condicionado! Aliás, nem era tão carroça assim, veio o carro mais caro, estilo ônibus de viagem.

Não sabia o que aquela viagem reservaria para mim! Sentei no meu lugar preferido no meio do carro e na janela! Coloquei o óculos escuro, apesar de não ter sol, vesti a blusinha de manga, reclinei o banco e me ajeitei como quem deita numa cama confortável e me preparei para dormir muito! Neste momento cai na besteira de olhar para a roleta e vi um “coisa” passando pela roleta! Sim, uma coisa, porque aquilo não tinha nome! Ele era tão lindo! Assim, tão a cara do sonho! Um sonho que tive há tempos atrás, qualquer dia desses eu conto! Era tão…sei lá o que mais que me perdi! Tratei de tirar o insulfilme dos olhos e prestar atenção! Olhando e pensando “senta aqui, senta aqui”! Acho que descobri como funciona a força do pensamento!

Ele veio bem gracioso caminhando, caminhando e ops, sentou na fileira ao lado! Droga! Pensei de imediato! Serei obrigada a olhar par ao lado! Ao mesmo tempo lembrei do sono que estava sentindo e da vontade absurda de dormir!

Ah fala sério! Não poderia deixar passar. Lembrei de ter sido zoada há pouco tempo com uma frase um tanto ridícula: “e aí está chutando bunda de gato para ser arranhada”? Já que ganhei esta fama, então agora eu iria deitar na cama mesmo! Só não tinha dado conta de que fiquei olhando fixamente para o “sonho” enquanto pensava nisso tudo! Foi quando dei uma piscadela e foquei na “face” dele! E ele estava encarando! Provavelmente me achou uma retardada! Virei rapidinho e tratei de colocar o insulfilme no lugar!

Aproveitei que a carroça se mexeu e parei para olhar a rua por longos 60 segundos! Mas a vontade de olhar novamente para ele me tomou! Então olhei de novo, e novamente ele estava olhando. Fiquei meio agoniada. Normalmente eu olho sozinha poxa! Estava quase pedindo para ele olhar em outra direção! O ônibus não encheu muito ou quase nada! Ninguém sentou ao meu lado! Muito menos ao lado do “sonho”. E os olhares estavam ficando muito frenéticos! Eu louca para rir, como sempre! É que nessas horas eu penso cada coisa engraçada.

Acho que enquanto uma pessoa romântica pensa em como tudo poderia acontecer como num filme eu penso em tudo que poderia acontecer de errado ou cômico! Como por exemplo: ele atender o telefone e eu perceber que ele é fanho! Ser fanho não é o fim do mundo, mas é o começo de uma crise horrorosa de riso! E nisso eu tenho vontade de cair no riso!

Mais uma vez eu fiquei perdida em meus pensamentos e olhando fixamente para o “sonho”. E quando me dei conta ele estava sorrindo, não sei se de mim ou para mim! Ou quem sabe estivesse com um fone bluetooth do lado direito, onde eu não conseguia ver, ou lembrou de uma piada, quem sabe eu era parecida com a tia bruxa dele! Ai droga, mais uma vez me perdi nos pensamentos e ele estava sorrindo novamente! Droga! Virei rapidinho para a janela! E claro fiz a tática do “paquerar pelo vidro” que já contei aqui. Mas não deu muito certo, estava muito escuro e o vidro era escuro!

Tudo isso somado começou a me dar uma vontade incontrolável de rir! Então, a fim de tentar parar com a macaquice, saquei o celular e mandei uma mensagem a uma amiga contando o causo, tão explicado quanto um SMS permite! Como essa tarefa foi realizada em poucos minutos, e eu não tinha parado de rir, comecei a mexer no celular para me distrair, tudo bem que a cada 30segundos eu olhava para o rostinho do “meu sonho” e ops, lá estava ele me olhando!

Voltei toda minha atenção (5% dela) para o celular novamente, até que acessei a função bluetooth! E aí acendeu um holofotes na minha cabeça! É claro, vou rastrear o cara pelo bluetooth, que óbvio! Como não pensei nisso antes?! Então comecei a buscar os sinais de bluetooth ao meu redor! E fiquei um tanto surpresa com os nomes que apareciam: manhoso, florzinha, joaosc, jrttp, pequen., mmre, pedrott, vicpf…

Assim ficou até fácil saber quem era o carinha né?! E analisando os nomes da lista comecei a entrar em outra crise de riso, já pensou ele é o “manhoso”? Socorro! Resolvi deixar o celular pra lá, só pegava para contar as novidades por SMS para minha amiga, ou seja, quase nada! Nessa hora sentou-se ao meu lado uma senhora muito da grande, ou melhor dizendo muito da gorda! Quase cobriu a minha visão geral do “sonho”. Respirei fundo, inclinei um pouquinho o corpo para frente a fim de ver melhor.

E passei toda a viagem assim, tive a impressão de que voamos por sobre os carros, pois não vi engarrafamento, acho até que não vi nada. E em uma dessas olhadas percebi que ele abriu um sorriso largo, não me fiz de rogada e retribui o sorriso! E nisso ele fez um gesto que não entendi direito, parecia o sinal de quem diz “depois”…só não entendi o que era ao certo, mas sorri. Logo nas primeiras paradas a bendita “magrela” ao meu lado desceu e ao mesmo tempo ele levantou, cheguei a resmungar por dentro o fato dele descer tão cedo! Mas, para minha surpresa, ele veio e sentou ao meu lado. Fiquei muito descontrolada! Não sabia o que fazer, comecei a respirar rápido e ele logo soltou um “oi” com o sorriso mais lindo que eu já vi! Não hesitei, sorri e o cumprimentei de volta! E ele logo emendou “o que está acontecendo?”. Respondi de pronto “me diz você”. Acho que estávamos flertando, disse ele sem a menor cerimônia! Fala sério, ninguém usa o termo flertar, pensei. Talvez. Na verdade fiquei impressionada com você. Sou tão bonito assim? Na verdade é, mas não foi por isso, e sim pelo sonho que tive outro dia e foi com você, mas nunca te vi! Uau, como assim? Foi um sonho qualquer, não lembro ao certo, menti para não entrar em detalhes e me enrolar toda. Aonde você mora, disse ele. Próximo as Sendas. Que consciência, eu também! Só falta você dizer que estudou no…ALICE DE SOUZA DUTRA, falamos ao mesmo tempo e caímos na gargalhada. Quantos anos? 24. 27. Solteira? Sim, por pura falta de opção! E você? Sim.

E assim o papo correu livre, leve e solto, totalmente despropositado até que chegou o meu ponto, que, infelizmente, era antes do dele! Bem, eu já vou descer! Que pena, sussurrou. É, realmente! Foi um prazer! Igualmente, salvou minha viagem, falei sem notar o quanto saiu “derretidinha” essa frase. Ele sorriu largo! Ah propósito, ele disse, meu nome é Vitor. Ah. E o meu é Bruna. Virei e me apressei, já que este tipo de ônibus não tem cigarra! Desci meio tonta, meio bêbada de alegria e quando o buzão arrancou me deu um estalo enorme: QUE MERDA EU NEM PEGUEI O TELEFONE DELE! Passei 30 minutos discursando sobre o que gosto de fazer, dia a dia e não peguei o telefone! Mas que droga!!! Ao mesmo tempo lembrei do “vicpf”. Mas é claro!!! Deve ser Victor e o sobre nome, ou as siglas da namorada que ele ocultou, ou nome da mãe…ou da ex…ai droga! Para com isso sua maluca! Falei alto! E segui para casa, feliz por ter matado minha curiosidade e aborrecida por ter sido incompetente na arte de fazer e manter contatos.

Depois disso, passei a chegar todos os dias no mesmo horário ao terminal e a baixar a lista de bluetooths disponíveis naquela área a fim de encontrar não sei quem. Até que a esperança se foi!

Por que nos conhecemos? Por que o acaso o quis? Foi porque através da distância, sem dúvida, como dois rios que correm a unir-se, nossas inclinações particulares nos impeliram um para o outro. Gustave Flaubert

Bruna Turques

Baseado no Poema Acaso da Priscilla Mansur

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Você me Ama?

Fui acordada pelo som estridente do telefone que berrava sem parar! Abri só uma portinha dos olhos, não queria atender! Esperei um pouco para ver se desistiam e nada! Resolvi atender!

- Alô, disse muito rouca!

- Alô! Não vou tomar seu tempo, só preciso saber de uma coisa.

- Hã...

- Não começa! Me diz, você me ama? Mas é pra falar sério! - Disse com voz de quem andou chorando.

- Olha, acho que você ligou errado!

- Não começa! Você gosta de fazer isso comigo! Fingir que foi engano para me despachar! Mas não desisto! No fundo eu sei que você gosta de mim.

- Peraí, só um minuto, por favor!

Larguei o telefone sobre a cama, caminhei lentamente até o banheiro, lavei o rosto, dei três pulinhos para saber se estava acordada! Sim, estava! Voltei para o telefone!

- É o seguinte, você certamente ligou errado, ok? Aliás, qual é o seu nome? E você quer falar com quem?

- Ahhh tá, meu nome! Agora está com amnésia! Meu nome é Pablo! E eu quero falar com você Bruninha!

Gelei! Como assim? Comigo? E eu nem sei de quem se trata! Fiquei em silêncio por alguns instante e ele continuou!

- Agora ficou muda? Está caindo na real? O negócio é o seguinte, você gosta de mim, eu sei. E eu gosto de você no nível "amor". Por que não podemos ficar juntos? Por que você está fazendo esse joguinho de pique-pega há tanto tempo? Chega né Bruna?

Mal conseguia respirar! Lembrei dele. Claro! Pablo foi um mini-namoro de tempos atrás, que acabou de maneira tão ridícula quanto começou, mas a conversa dele aquela hora da manhã não fazia sentido! Passou muito tempo! Só se ele estivesse muito doidão para ainda ter meu telefone e ligar falando assim!

- Olha Pablo! - Comecei com bastante fôlego - Nossa história aconteceu há tanto tempo e acabou há muito mais tempo ainda! Eu realmente gostava de você, não no mesmo nível, mas gostava!

Nem deu tempo de continuar! Fui interrompida por uma longa gargalhada!

- Fala sério Bruna! Você considera muito tempo? E que não gosta mais de mim? E tudo o que aconteceu entre nós? E o último encontro? E seus sorrisos? Nossas saídas? Qual é!!! Vamos lá, você só precisa admitir que deixou de ser uma destruidora de corações para ser uma seladora da paz e felicidade eterna!

Definitivamente aquela ligação não era pra mim, mas resolvi dar corda! E tomar uma decisão por essa tal Bruna.

- Tudo bem Pablo! Eu...eu confesso que te amo! Mas sempre tive medo de dizer. E sabe, toda a diversão, amizade, companheirismo, saídas e tudo mais! Era tudo verdade! Só porque ao seu lado eu sou eu de cara limpa, sou menina, infantil, boboca a beça e você gosta. E eu gosto disso! Só porque você me cuida, não me deixa sentir frio nem mesmo nas mãos que ficam quentinhas junto a sua, porque seus sobrinhos me chamam de tia (será que ele tem sobrinhos?), seu cachorro me recebe com alegria (e cachorro então???), até seu carro fica silencioso comigo (nossa, que viagem), e eu te amo porque você sempre sorri ao me chamar, me apresentar, e não tem vergonha de pronunciar a palavra mágica "minha" seja lá no que nos tornamos! Ah e é claro que eu te amo porque você consegue me acordar de um jeito irritante e me deixar feliz pra caramba! E é por isso que te amo...

Havia um silêncio esquisito do outro lado da linha!

- Pablo?

- Oi, estou ouvindo! É que não sei ao certo de onde você tirou tudo isso! Eu não sou assim! Aliás, eu nunca te apresente a ninguém, não tenho sobrinhos, nem cachorro e você nunca quis andar no meu carro, porque é muito barulhento!

- Pablo, você está louco? Que bobeira é essa agora de negar sua família, o Bethoven e o seu carro que tanto gosto?

- Bruna, acho que houve um engano! Você não está falando com a pessoa certa!

- Pablo, deixa disso já! Não vai cair na real?

- Sinceramente, acho que cometi um engano! Seu telefone é o 91419045?

- Humm...não!

- Ok. Desculpa te incomodar as 6h da manhã!

- Tudo bem! E me desculpe por prolongar o papo...só queria dar um final feliz para você e a tal Bruna.

- Seu nome é mesmo Bruna?

- Sim, é!

- Que coincidência, não?

- Sim! Até mesmo o fato de você se chamar Pablo!

Silêncio na linda...eu quase ouvi um grilo cantando ao fundo!

- Bem...não vou mais te atrapalhar!

- Imagina Pablo! Mas olha, não deixe de ligar para a tal Bruna! Talvez a coração gelado esteja querendo gritar tudo isso, não custa nada tentar né?

- Não. Mas agora eu não quero mais ligar!

- Posso saber o motivo da desistência?

- Eu não fiz nada para que ela gostasse de mim e se gostar é tudo isso que você disse, eu também nem gosto tanto assim dela! Eu só queria provar pra mim que sou capaz de ter a pessoa mais difícil que já conheci!

- Idiota!

- Bom dia Bruna!

- Péssimo dia pra você !

Tu, tu, tu, tu tu...
Bruna Turques

terça-feira, 15 de junho de 2010

Música - Misses Glass



Senhorita Vidro
Leona Lewis



Eu tentei esconder o fato
De que sou indevidamente frágil
Esse meu jeito difícil é só fachada
Quando na verdade estou longe de ser inquebrável
Eu tenho tanto medo de falar e me expressar
Mantenho meus sentimentos guardados aqui dentro
Dessa concha que eu chamo de coração
Pois eu não consigo deixar esse amor voltar de novo

Oh! Eu desejaria saber
O amor foi tão frio
Antes eu acreditava
Porque eu meti minha cabeça na tempestade
Como um relâmpago, foi insano

[Refrão]
O jeito é atrasar agora
É tudo ou nada
Então desejo que quero me sentir feliz
Mas eu não sinto desse jeito
O amor não cabe em meu coração
Ele me deixou de lado e machucada
Esse amor me deixou de lado e me cortou como vidro
Quebrou como vidro
Quebrou como vidro
Quebrou como vidro
Então se você me vir você pode me chamar
Se você me vir pode me chamar de Senhorita Vidro

Agora depois de tudo estou mentindo pra mim
Estou me sentindo miserável
Me forcei a ser outra pessoa
Fazendo-me parecer invisível (oh, apenas veja)
Eu sou amante como qualquer outra mulher
E às vezes, fico emocionada
Essa situação parece difícil de entender
Onde eu for
Sua força nunca saberá

Oh! Eu desejaria saber
O amor foi tão frio
Antes eu acreditava
Porque eu meti minha cabeça na tempestade
Como um relâmpago, foi insano



****

Não vou postar a música para ouvir, pois confesso que não gosto da melodia, já a letra...

Sem mais comentários por hoje!

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Ainda Não Acabou - II

Ainda Não Acabou - Parte I

Estive pensando sobre gostar e o que é isso. E cheguei a conclusão que gostar é muito mais! Sei que neste momento você está pensando "isso não é novidade". Claro que não é! Explicarei:

Gostar é ajudar, dar apoio, colocar pra cima, incentivar, vibrar com as vitórias por menor que seja. Gostar é ter afeição, amizade, estimar-se mutuamente, tudo isso segundo o Dr. Aurélio! E eu sempre disse pra ele, gosto de você como amigo! Só que nunca tive amizade, essa que é a verdade! Nunca dei bola para as conquistas que ele contava com tanto gosto, nem ao menos incentivei seus sonhos, sempre julguei tolos! Aliás, sempre o julguei o maior dos tolos! E tenho visto claramente que a tola dessa história fui e sou eu!

Ele está seguindo tão bem, se dando bem, realizando os sonhos que eu disse "impossível". É ele está alcançando!

Essa mente retardada ainda me leva a pensar "Poxa, acho que agora tudo ficou mais interessante". Como eu consigo? Como? Em seguida eu caio na real e lembro que agora os sonhos estão sendo realizados e compartilhados com outra que gosta!

Gostar e aceitar que gosta é uma dádiva!

Até que ponto o nível social, a colocação profissional, estilo de se vestir, musical e sei lá mais o que será o determinante nesta decisão?

Enquanto isso o tempo vai passando, as pessoas evoluem e eu continuo no mesmo lugar...

Bruna Turques

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Tudo acontece numa viagem de ônibus I

Vai sinal! Fecha! Fecha! Fechou! Atravessei correndo no meio dos carros, já que não estava na faixa de pedestre, mas queria muitão chegar ao ponto do ônibus antes do próprio! Pulei na calçada feito criança, toda felizinha, até olhar pro lado e ver aquela coisinha fofa!

Gente, foi assim muito gracinha! Ele todo bonitinho (pra mim) parado esperando o ônibus! Me senti maior idiota, como sempre, montei na postura e retomei o controle da situação! Fiz cara de desentendida e fiquei na posição de uma pessoa normal esperando o ônibus!


E eu já estava pensando "que ônibus ele vai pegar, será que é o mesmo que eu?". Até que o bendito surgiu no pós curva/sinal/multidão-de-carro e o gatinho fez sinal! NOssssaaa! Delirei! Veio logo a mente "é hoje". É hoje o que né gente?! É só um passageiro a mais para encher aquela porcaria de lata velha! Aliás, dois, porque eu também vou nessa!

Subi toda serelepe e parei no meio do buzão! Feliz da vida, olhando dentro da cara do "dito" e acompanhando seus passos, até onde eu conseguia ver, da cintura pra cima! E ele parou do meu lado! Pronto! Olha o circo armado! Comecei a ouvir "Moreno alto, bonito e sensual. Talvez eu seja a solução do seu problema. Carinhoso, bom nível social. Inteligente e à disposição ..." Me deu uma agonia e uma baita vontade de começar a rir, pois eu tive certeza de que iria começar a palhaçada total! Amor em 30minutos! Amor expresso! Platonice-babacoíde-até-o-próximo-ponto!

E não é que começou mesmo?

Eu olhava, ele olhava, eu virava, ele olhava, eu olhava...até que mudei de estratégia! Comecei a observá-lo pelo vidro! Ah vai, vocês já fizeram isso! Caso não, eu explico: é olhar a pessoa pelo reflexo do vidro gente! É melhor porque você pode disfarçar, fingir que está olhando pra fora. Só que eu não tive a idéia sozinha! Estava viajando na batatinha chips quando dei de "cara" com os olhos do gatinho...ele estava fazendo a mesma coisa! Pensa na sem-gracisse! Pois é! Mas, mantive a cara de quem olha para fora!

Só que teve um contra tempo aí! Eu comecei a reparar demais! E olhar de cima abaixo...mas olhando pros lados mesmo! E vi o quanto ele era alto e pensei cá com meus botões: eu quero! Daí, fui dar uma conferida no visu né? Conclui: eu quero mesmo! Fui conferir mais um detalhe muito importante: AS MÃOS! Lisas! Sem aliança? Eeeeeeeeeeeeeeeeee quero muito mesmo!

Depois dessa ficou tudo tão escancarado que comecei a olhar mesmo! Pela janela, de rabinho de olho...olho no olho! A que se dane! Não tenho nada a perder mesmo! Foi nessa que vagou um lugar e eu sentei rapidinho, assim poderia olhar de maneira confortável!

Estava segurando o riso, mas muita coisa! Já estava descontrolada de vontade de rir, então baixei a cabeça e soltei um risinho! Levantei e firmei o carão! A viagem passou voando! Até que ele desceu bem antes de mim! E nada aconteceu!

Ah...vai..você leu até aqui achando que no final das contas eu teria o nome, endereço, telefone e orkut do gatinho? Bobinha(o) você, não?!

Eu casei com o gatinho em pensamento e vi que não daria certo. Por tanto, deixei ele pra lá! Começamos e terminamos em uma viagem de ônibus! Tive plena convicção de que não daria certo! E a culpa foi dele!

Bruna Turques

Leia também Acaso da Priscilla Mansur.

domingo, 6 de junho de 2010

Vai sonhando bobinha




Eu juro que estava na minha!


Dia desses resolvi dar um rolé no shopping. Sabe aqueles dias que você quer andar sem rumo? Tudo bem eu sabia o rumo, queria entrar em cada loja interessante a minha frente e sair comprando tudo, mas não dava! Então, concentrei e fui apenas olhar e deixar a mente um pouco vazia! Ok. Na verdade ela fica bem cheia de ideias quando saio sozinha para olhar vitrines... a imaginação vai longe!


Estava tudo bem, andando, pensando, sonhando... Tudo ando, até que vi de longe um cachorro vindo em minha direção! Fiquei completamente sem ação ao perceber que o deixaram entrar no shopping! Enorme! A raça? A pior... Era do tipo HOMEM! E o “mais-pior-de-ruim”, ex-peguete!!! Ah e toda essa raiva é só porque ele não me liga, não me procura, tomou chá de "joão sem braço" misturado com "sumiço eterno". Provavelmente passou esse tempo se agarrando com uma mocréia qualquer por aí!


Concentrei e comecei a repetir mentalmente abstrai, abstrai, abstrai....ah não, ele me viu!! Abstrai, abstrai..calma, nada de taquicardia, respira, respira, cachorrinho, respira! Ele sorriu para mim! Droga. Serei obrigada a sorrir pra ele! Droga, sorri feliz demais. Pronto, agora ele acha que estou muito feliz em vê-lo! Oi!!!!!! Me vi pronunciando toda alegrinha! Droga (mentalmente).


Como vai?! Disparou sem cerimônias! Muito bem. Respondi prontamente! Bom te ver, ele disse! É. Eu disse. “É” não é resposta e emendei logo, muito bom te ver também! Não melhorei as coisas. Ah...hum...sumido você, não? Ele, um pouco, sabe como é a correria né?! Que correria? Atrás das suas cadelinhas rá rá! Ri alto! Ele muito indiferente: não, falo de coisas realmente importantes.Hum.Minha cara no chão!


Mas então o que tem feito de bom Dona Bruna! Cara, que ódio mortal quando alguém, ou seja, ele, coloca esse Dona na frente do meu nome!


Muitas coisas! E você? Respondi com cara de quem chupou cajá verde. Também, muitas coisas, respondeu de pronto! E eu já tinha feito o relatório mental de tudo o que ele andava fazendo: vadiando, vadiando, ah sim, vadiando e trabalhando vez ou outra! E mandei na lata: muitas coisas é tão vago! Ele, ao contrário do que você pensa, não tenho tido muito tempo para vadiagem (pegou pesado acho que leu minha mente), a senhorita sabia que eu tenho objetivos maiores na vida, além de “pegar mulher”! Ah e não fica com raiva do termo, foi você quem o deu para mim!


É, o ridículo além de ler minha mente ainda se deu ao trabalho de fazer sinalzinho de aspas para falar pegar mulher, como se não fosse do seu vocabulário cotidiano! Que raiva! Estava tão chocada com a superioridade dele que comecei a ter um ataque de pelancas! Minha vontade era sair correndo, mas queria muito mostrar o meu ar de superioridade, que naquele momento estava bastante medíocre.


Bom pra você não é querido?! E ele: sim, muito bom! E as novidades?!


Afinal de contas, o que ele pretendia com essa pergunta ridícula. Ele sabe perfeitamente que desde a última vez que nos vimos, e isso faz muito tempo, não tenho novidades, se assim não fosse já estaria nos meus perfis sociais, bem explanado, com letras garrafais, negritos e fonte 50. Tudo bem. Respirei fundo e disse apenas que não tinha nenhuma novidade digna de contar numa conversa de 5minutos com alguém que não via há tanto tempo! E ele respondeu: Resumo da ópera, nada aconteceu desde a última vez que nos vimos!


Nossa! A raiva cresceu em colega! Vou te dizer, a vontade mesmo era de dar um soco na cara dele, uma voadora e mais uma banda, pra ele cair de bunda no chão! Tipo fatality do Mortal Kombat , aquele golpe que acaba logo com o adversário!


Respondi apenas que ele poderia interpretar como quisesse! Mas então entrei de sola, já estava com raiva mesmo, ele conseguiu acabar comigo em 5minutinhos na graminha*. Então mandei: E aí, está namorando? Já se acertou com alguém? Acabou com os “mas” da sua vida?


Pausa para o adendo - momento dramático: Sabe quando você fala alguma coisa e no segundo seguinte deseja de toda sua alma ter um CTRL Z para desfazer aquela frase?! Então, assim que conclui minha pergunta eu tinha plena convicção de que não deveria ter "apertado o send" mentalmente, ou seja, falar! Tinha que ter lido a expressão corporal daquele ser e entendido que o chumbo seria grosso! Ok. Agüenta que lá vem! E veio palestra!


Na verdade, senhorita, (grunhi de raiva quando ouvi o ar debochado com que ele fez questão de pronunciar essa palavra) estou solteiro e isso há muito tempo. Quando temos objetivos e metas para alcançar é preciso deixar de lado as coisas que nos atrapalham a caminhar e seguir em frente, sabe, como um barco que está muito pesado, é preciso jogar os excessos ao mar, ou então irá a pique! Como queria melhorar minha vida profissional, deixei tudo que me dava trabalho e era pesado para trás. E segui! E claro, alcancei meus objetivos!


Pensa numa pessoa chocada ao ouvir esta palestra... rá rá rá, essa era eu! Aquele inescrupuloso me arrasou em uma resposta! Me chamou de atraso de vida, peso, excesso...caramba! Eu juro que hoje eu só queria paz. Mas ,por que cargas d’água eu fui encontrar esse cachorro?


Sorri delicadamente e o parabenizei e me apressei em me despedir, inventei uma desculpa qualquer para sair correndo dali! Mas fui surpreendida pela despedida dele.


Bruninha (quanto deboche), você nunca foi um “mas” na minha vida...só alguém difícil demais para mim, naquele momento! E como dizem por aí, quando o momento é já e nós o deixamos passar, não há jeito para reverter! Infelizmente a vida é feita de escolhas. Espero que saiba fazer as suas!


Valeu em colega! Obrigada pela lição, moral, tapas na cara, rasteiras, fatalitys. Realmente, muito obrigada!


Eu apenas sorri completamente sem força, graça, simpatia ou qualquer ar de quem tem vida! Virei e sai rapidinho da frente dele! Era impossível admitir que aquele cachorro-bozo-mor estivesse me dando alguma lição!


O pior é que ele não estava errado! Enquanto eu perdi tempo me martirizando com o fato dele não me procurar e ter inventado mil namoradas e coisas que ele possivelmente estaria fazendo sem mim. Ele estava correndo atrás das metas traçadas, sempre no foco! Ele não deixou de ser bozo por isso! Ele ainda o é, mas é claro que prefere picadeiros mais fáceis. Ele não passou a ser santo, só não se da ao trabalho! Não perde o foco! Primeiro os objetivos, depois a diversão!


Enquanto eu fiquei por aqui choramingando, ele estava fazendo o que eu deveria ter feito a muito tempo: pegar a trilha que dará direto no caminho para o sucesso!


Não adianta chorar e nem se lamentar! Vida que segue, não é o que dizem? Mas pra mim, o teto do shopping caiu naquela hora! Voltei pra casa como quem volta da guerra! Só queria edredom e cama! Dormir e acordar com a certeza de que tudo não passou de pesadelo.


Bruna Turques


* 5 minutinhos na graminha = termo utilizado por uma conhecida que é o mesmo que "te pegar lá fora", "5 minutinhos na mão"...ah vai! Vocês sabem o que é isso! Estilo briga de colégio!

quinta-feira, 3 de junho de 2010

De Repente

O mundo ficou louco!!!

De repente ser exceção te torna um mutante.
De repente, tudo o que é certo, tornou-se errado!
E agora, o que eu faço?

De repente, ter opinião diferente da massa é esquisito!
Se não vou na onda, sou tachada!
Se não aceito o convite esdrúxulo ao meu ver, sou rotulada
E agora, o que eu faço?

De repente eu descobri que sou de outro planeta e estou aqui a passeio.
Que dizer não é ridículo.
Que o sim não é banal, é só cool.
E agora, o que faço?

De repente aquele carinha que te fez juras
Te manda um "oi" completamente formal
Como se não te conhecesse bem.
E agora, o que faço?

Bruna Turques



De Repente - Pedro Mariano


terça-feira, 1 de junho de 2010

Dois Rios

Não precisava colocar no rádio aquela canção e cantarolar baixinho "Que os braços sentem e os olhos vêem, que os lábios sejam, dois rios inteiros, sem direção" só para me beijar. Seria mais fácil fazê-lo de surpresa.

Não precisava ser gentil, me deixar passar primeiro, dar a mão, o braço e só isso...não precisava se não fosse para cantar o resto da canção "E o meu lugar é esse, ao lado seu, meu corpo inteiro".

Ah vai, nem precisava de tudo aquilo já que não era verdade! Poderia dizer a real, a vera, "é só um pouquinho, por pouquinho de tempo, de um gostar pouquinho, de estar um pouquinho afim", eu entenderia e jogaria melhor...

"Seu ruim"! É isso aí, ruim! Porque agora eu fico ouvindo essas músicas e lembrando de você! Seu ruim, agora eu fico com raiva de mim! Seu ruim...é tudo mentira, nem foi tão ruim assim! Mentira, foi bom pra caramba! Ai seu ruim, tá vendo só? Agora eu fico por aí delirando, foi bom, foi ruim...

Bruna Turques

Carta ao desapego

Olá, como vai?

Esta noite eu sonhei com você, e nem sei porque. Sabe que foi engraçado? Foi assim...

Eu e você viajamos com alguns amigos, hospedados num quarto que só cabiam 3, mas havia uns 7. A cama era meia boca, meio estranha e pequena, mas cabia nossa vontade nela! O lugar, eu não sei ao certo... nem era bonito, mas passeávamos.

Ah, no hotel tinha elevador, mas era tenebroso...e lavávamos roupas, e fazíamos comida...não lembrava em nada uma hospedagem, nem mesmo 1/2 estrela. Ainda sim sorriamos e estávamos curtindo muito!

No sonho dormíamos. Acordamos até felizes! Não sei porque, não te vi mais. Procurei, subi e desci naquele elevador louco, aliás, sempre que sonho que estou num elevador é assim, sobe devagar e deve muito rápido, tão rápido que eu chego a sair do chão!

Continuando...eu só sei que sonhei com você durante toda a noite e a história era sem fim, não cabe nesta carta. Eu sonhei que sonhava...e era um sonho dentro do outro...sonhava que viaja com você e alguns amigos, hospedados num quarto que só cabiam três, mas havia uns sete...

Dentro dele eu perguntava o que significava, alguém me explicou que não era possível traduzir o sonho...pois não era sonho, era real! Mas faria o bom grado de me explicar, e começou a dizer que:

Eu viajei com você, numa história que deveria ser de dois, mas se tornou de três, quatro ou até sete. Não tinha graça, nem era bonito! Só eu via beleza na vida que levávamos. Você era apenas coadjuvante na minha história. Ah, e descobri o motivo de não lembrar em nada um hotel, é claro...também não lembrava em nada um bom relacionamento como eu gostava de dizer por aí.

Sabe o elevador? Então, esse foi fácil de decifrar. Era meu coração aceitando suas verdades na subida, bem devagar, e caindo na realidade como se tivesse sido empurrado do 25º andar.

Então é isso! Só escrevi para você saber que apesar de tudo, continuo descendo ladeira abaixo, mas já apertei o botão de "socorro", logo, logo vai parar.

E sabe por que te escrevi?! Ah, bem...deixa pra lá.

Beijos e tchau.

Diz aí, como é?




Como é que se acorda com vontade de escrever um poema?

Como é ter vontade de escrever para você?

E sentir sua falta, e falar seu nome, e tantas outras coisas?

Como é isso?

Como é ouvir John Mayer para alimentar saudades suas?

Como é cantarolar os trechos de "back to you" aos prantos?

E relembrar velhas histórias só para te encaixar nelas e saber

Se teriam sido tão legais caso estivesse nelas?

E respirar bem fundo só para sentir seu perfume,

E fechar os olhos, bem apertados, para lembrar do seu rosto,

Diz aí, como é isso?

Ah, já ia esquecendo de mais uma pergunta:

Como é deitar para dormir pensando em você só para te ter em sonho?

Diz aí, vai!

Bruna Turques