quarta-feira, 23 de junho de 2010

Maracujá de Gaveta

maracuja1

Engraçado como surgem as metáforas!

Ontem passei um dia de “Amélia”, ou seja, fiz faxina, cozinhei, lavei louça, lavei roupa, enfim, totalmente dona de casa. A noite decidi fazer um rango mais saudável, o que não é muito comum aqui em casa. Então preparei uma carne com legumes (conhecida como jardineira), arroz com brócolis e feijão. Aqui em casa, normalmente, para beber tem Coca-Cola, mas ontem resolvi completar o cardápio com algo mais natural, ou seja, suco. Bem, tinha uma garrafinha de caju meio esquecida na porta da geladeira. Resolvi dar uma olhada no restante para ver se achava algo mais. E achei! Dois maracujás.

Eram os típicos maracujás de gaveta. Murchos, meio pretos e molengas. Achei que não já estavam ruins, porém resolvi abrí-los para ver, e acreditem estavam ótimos por dentro. Madurinhos e com bastante polpa. Aquela pele branca que fica entre a polpa e a casca estava bem branquinha e intacta! Rendeu um delicioso suco.

Pelo incrível que pareça, este fato me chamou atenção. Aquelas frutas estavam há tanto tempo na gaveta da geladeira, esquecidas, sofrendo com os agentes externos que as tornou feia, enrugadas e escuras, mas o principal, a polpa, estava intacta, havia uma proteção que não permitia que nenhum agente externo, por mais forte que fosse, as atingisse.

Isso me fez pensar em muitas coisas, como:

  • As aparências enganam. Quantas vezes julgamos uma pessoa por sua aparência, achando que não há nada de bom a ser oferecido por ser velha (ou mais velha que nós), por não ter tantas experiências de vida (ou que tenha vivido algo relevante), por não ser importante em sua posição social/econômica quem sabe até intelectual, e não damos a oportunidade desta pessoa se mostrar! É como dizem, ninguém é tão rico que não possa receber, nem tão pobre para que não possa doar, nem tão inteligente que não possa aprender, ou burro para que não possa ensinar…
  • Agentes externos não podem me influenciar I. Ora, assim como o maracujá, sofremos ataques externos constantemente. É a propaganda que quer nos convencer a todo custo que precisamos ser mais magras, lindas, altas, loiras, felizes, independentes, dependentes, mães, mulher fatal, solteira, são tantas opressões que nos confundem e se contradizem! Mas estão aí, o tempo todo nos alfinetando, criando imperfeições que não temos, mas elas nos convencem que temos. Criando desejos que não necessitamos, mas nos convencem que seremos felizes se tivermos o produto X.
  • Agentes externos não podem me influenciar II. Todos temos cascas. Creio que a minha é a consciência, a índole, o meu caráter e isso protege minha polpa, ou seja, meu coração! Mesmo que tudo por fora estrague, ele deve se manter intacto. Ainda que as maldades e milhares de setas externas tentem me alcançar, com tudo ele deve estar são. Como diz na bíblia “ Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração, porque dele procedem as fontes da vida”, sendo assim é necessário protegê-lo.
  • Aproveite as oportunidades. Ainda que você tenha estado esquecido numa gaveta, seja ela qual for, não perca a oportunidade de oferecer o seu melhor fruto, não perca a oportunidade de ser o seu melhor. Não importa para quem, o motivo e muito menos a recompensa. Seja sempre o seu melhor. Há tempo para tudo, até mesmo para receber recompensas. Eu acho muito melhor as recompensas surpresas, aquela que não esperamos! As que vêm da expectativa normalmente nos frustram, afinal nossas esperanças sempre estão aquém do que recebemos.

Vejam só, até as Amélias tem algo para nos ensinar. Imagine quantas metáforas elas já sacaram varrendo uma casa, lavando louça, catando maracujá na gaveta…

Bruna Turques

2 comentários:

  1. Muito legal miga!!
    Chegamos ao ponto que achamos assunto em qualquer lugar!rs

    (o link "leia mais..." não funcionou)

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  2. Vou começar a olhar os maracujás da vida com outros olhos...rsrs
    Muito bom...adorei...
    Bjsss

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