segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Ouvindo aqui e acolá

Sussurros ao pé do ouvido, conversas cheias de nhenhenhém, é assim que começa a cena. 

As vezes palavras não chamam tanto minha atenção quanto uma cena! Uma cena fotográfica, estática! Foi um olhar apaixonado, com ar de "não tô nem aí", ao mesmo tempo cínico e apertado que chamou minha atenção! E juro, não era um olhar bonito! Mas, passava um sentimento de quem está muito apaixonado!

Bem, a partir daí não parei mais de observar, para não dizer bisbilhotar a vida alheia. Entre mimimis:

- Não estava com ciúmes. Na verdade já estava estressada. Ela disse em meio a um riso altíssimo e estridente.

- Mas, o que vocês estavam cochichando - continuou. Não que eu ligue, mas tenho certeza que era sobre mim, é claro! Aquele idiota me olhava e ria! Só podia estar falando de mim!

Ele riu, lindo e loiro jogando a cabeça pra trás como quem não quer dar razão. Nada de colocar mais lenha nessa fogueira.

E ela ficou quieta. Com o mesmo olhar de antes, olhando bem fundo, não nos olhos dele, mas na alma!

- Então...já disse, não estava com ciúmes, já estava chateada antes. 

Silêncio.

Tudo bem! Não posso cobrar nada. E pausadamente soltou a frase determinante para aguçar mais ainda minha atenção: - Nem posso te chamar de meu! Também não sou sua!

Seus olhos cairam. E bastou um afago para se erguer, sua mente já tinha bolado outro assunto, que por mais trivial que fosse, me revelaria uma das verdades.

- Achei que não conseguiríamos lugar pra sentar. A fila estava mega!
- Eu sabia que teria...já tinha contado quantas pessoas tinham!
- Se só tivesse um lugar poderia fazer com você o que faço com meu namorado, viria no seu colo! - A loirinha bombril exclamou animadamente. Enquanto isso eu tentava ligar os pontos! Como assim? Namorado? Então ele era o outro? Hã?

Ele apenas sorriu e se desvencilhou de seus braços enquanto ela se esforçava por um abraço.

- Sabe, minha mãe te adora! E ela fala que eu deveria ficar com você. Ahh, ela falava isso quase todo dia, até que eu contei: mãe, ele é casado!!! O semblante dela até caiu!!

Depois dessa, até o meu. Aí, meu cérebro deu um nó!  Entendi o motivo dele correr e se esquivar à menor carícia! A essa altura, eu nem disfarçava o interesse nos dois! Até que a louca (ou eu seria a louca?) me encarou de um jeito que quase desisti de prestar atenção!!! Mas aí pensei: ah, se me perguntar o que foi, eu mando um "nada, só acho que conheço vocês...ou ele...ou ele com outra" e deixaria a loirinha bombril fula da vida!

Depois de me fulminar, ela voltou para o quase abraço, quase beijo, quase qualquer coisa, porque ele se esquivava bonito!

E a lengua, lengua continuou e seus olhos voltaram para o mesmo tom meloso do começo, como se todos os por menores (ou maiores) existentes não fosse suficiente para desfazê-lo! E ele, mal falava, com risos e gestos tímidos, alimentava aqueles olhos de cão com fome que se alimenta das migalhas da mesa! E duraram até o próximo ponto, um selinho e uma partida discreta!


A quem interessar possa, o fato é verídico!

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