sexta-feira, 9 de abril de 2010

Um dia simples?!


Naquele dia ela simplesmente decidiu que só iria acertar!

Então planejou acordar mais cedo, se arrumar mais rápido, tomar café da manhã direito, trocar o sono na condução por uma leitura, estudar mais. Enfim, tudo seria diferente. Mas o que ela não sabia era o que estava por vir. Seus dias não seriam tão calmos assim.

No primeiro dia de mudança, ela acordou atrasada, nada mais do que 1h e 30min, não tomou banho, não comeu, não dormiu no ônibus por que foi em pé, não respirou. Logo se esqueceu das metas que tinha determinado. Pegou chuva no caminho de um jeito que não tinha um só lugar do seu corpo e da sua bolsa que não estivessem molhados. Ela desejou apenas não ter acordado.

O seu dia correu, mas no final quase parou, não rendeu nada e já ao final do dia lhe veio uma vaga lembrança da noite anterior: O Plano. Então, diante de tantos imprevistos, traçou novas metas. De imediato, comprou um despertador novo, deitou mais cedo, arrumou tudo de véspera para que tudo corresse bem.

Sim, ela acordou mais cedo, fez tudo conforme planejado, saiu de casa feliz e quando chegou ao trabalho se deu conta de uma coisa:

Era feriado!

Não era possível, como pode esquecer o dia do seu descanso, nem sabia ao certo porque não tinha expediente. Só ficou na cabeça o riso sarcástico da única pessoa que estava trabalhando no edifício da empresa: O porteiro que nunca lhe sorriu, neste dia fez questão, inclusive, de dirigir-lhe a palavra.

- Ei moça! Você bebeu de mais ontem? Hoje é feriado – solta uma enorme gargalhada – não tem trabalho não!!

Cabisbaixa e sem esboçar reação alguma, seguiu em direção ao metrô com uma certeza: não deveria ter nascido.

Tornou a sua casa e por alguns instantes se animou para dar uma geral em tudo, mas a animação logo passou. Então foi fazer a única coisa que lhe restava, sair com os amigos. Também lembrou que não tinha muitos. E mesmo assim arriscou.

Passou a mão na sua velha agenda e ligou para meia dúzia de pessoas e nada feito. Até que arriscou o último contato, o que ela não queria ligar: Beto.

Beto era um cara chato, com pouco assunto, que nunca falava, nunca sorria, que servia para fazer volume em meio a uma roda de amigos, por isso sair ela e Beto não dava! Ele não era o que ela precisava neste momento, mas era apenas o que tinha.

E lá vão eles! Cidade a fora procurar algo interessante para fazer, aliás, ela vai procurar algo legal para fazer, já que Beto é do tipo tanto faz.

Acharam um barzinho que freqüentavam na época do colégio, e ficaram jogados por lá mesmo. Ela sempre atenta a qualquer coisa menos a Beto, e ele, sempre atento a sabe-se lá a que.

Ninguém conseguia entender por que ele sonhava acordado. Passava tanto tempo calado que não dava para saber se ele estava gostando ou não, acordado ou dormindo, respirando ou morto.

Até que ele resolveu falar:

- A lua...

E ela, claro, sem a menor paciência, mandou:

- O que tem a lua?! Está no céu? Oh! Conte-me uma novidade!

E ele:

- Não. Ela não está! E eu sinto falta dela.

- Cara, olha isso aqui! Tanta gente, a música, tudo e você está preocupado com a lua? Só você mesmo! Tinha que ser.

Uma pausa! E Beto simplesmente perdeu a pouca fala que adquiriu naquela noite e começou a pensar no motivo para ela o tratar assim. Afinal, ele foi o único que se sujeitou a estar com ela naquela noite, a ouvir suas histórias, ir ao bar que ele detestava, aturar aquilo tudo e agora ela o tratava como se ele fosse idiota?

Fim ao silêncio.

- É. Só eu mesmo para estar aqui com você, logo você que eu sempre achei tão chata, com esse assunto patético, com essa cara de mais ou menos. Só eu mesmo. Tinha que ser.

Ela não estava acreditando no que acabou de ouvir. Beto falando em tom áspero. Era um milagre ouvir a sua voz, neste tom então...

Mas ele falou.

E ela sem reação apenas ouviu, calou e guardou tudo aquilo. Agora sim, seu dia estava completo. Planos arruinados, o cara mais esquisito que ela conhecia acabou de dar-lhe um fora daqueles. Putz, o que mais poderia acontecer?!

TRIMMMMMMMM, TRIMMMMMMMM,TRIMMMMMMMM!!! O despertadou gritou alto e mais cedo que o normal na cabeceira ao lado!



Um comentário:

  1. Ótimo conto miga!!
    Será que um dia consigo escrever contos??Rs

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